A conquista do voto pela população geral brasileira é algo muito recente na história do país. Devido aos votos censitários que eram aplicados nas eleições, apenas uma pequena porcentagem da população tinha a chance de votar, sendo na maioria das vezes homens com poder aquisitivo alto e mais de 25 anos.
A primeira eleição no país é datada ainda no Período Colonial e aconteceu na capitania de São Vicente, em 1532, para ser escolhido o conselho administrativo da vila. Somente homens com boa linhagem familiar e alta renda puderam participar dessa votação e ocupar as funções políticas disponíveis naquele período.
Foi apenas depois da Declaração da Independência, em 1821, que o Brasil passou a ter eleições mais próximas das aplicadas atualmente, ainda com pouquíssimo poder de escolha para o povo e uma abrangência de eleitorado muito pequena, dando o direito apenas para homens brancos com mais de 25 anos e renda anual determinada.
Primeiros Passos para Democracia
A partir da Proclamação da República foram acontecendo as primeiras mudanças reais no sistema eleitoral brasileiro. A primeira eleição direta para presidente, em 1894, elegeu Prudente de Morais, mas teve apenas 270 mil votos, o que representava quase 2% da população na época.
Ao longo do século 20, mais grupos puderam exercer seu direito ao voto. Podemos usar como exemplo o voto feminino, que foi conquistado em 1932 e exercido nas eleições de 1935.Contudo, devido à ditadura de Getúlio Vargas, esse direito foi revogado e as mulheres puderam voltar às urnas somente nove anos depois.
Conquista do Voto Jovem
Com a Constituição de 1988, o voto passou a ser realmente abrangente e aumentou o eleitorado brasileiro, alcançando mais de 100 milhões de pessoas votantes. As novas regras constituintes tornaram o voto obrigatório para toda pessoa com mais de 18 anos e facultativo para analfabetos, jovens de 16 a 17 anos e idosos com mais de 70 anos.
Mas o voto para os jovens apenas foi conquistado depois de muita luta de ativistas e grupos estudantis da década de 1980. Grupos como a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a União Brasileira dos Estudantes (UNE) pressionaram a sociedade e parlamentares da época para a adição de uma emenda na constituição, dando o direito para jovens de 16 e 17 anos irem às urnas.
A conquista deste direito causou diversas reações contrárias entre os políticos da época, que tentaram derrubar a decisão naquele mesmo ano. Por ser uma decisão aprovada pela maioria na Câmara dos Deputados constituinte, a medida foi aplicada e consagrada.
A participação dos jovens teve alto índice nas últimas eleições (Foto: Poder 360)
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre janeiro e março de 2022 mais de 1,1 milhão de jovens entre 15 e 17 anos se registraram para votar nas próximas eleições, um dos maiores números registrados nos últimos anos. Para o cientista político e analista do TSE Diogo Cruvinel, o alto interesse dos jovens em tirar o Título de Eleitor pode ser dado por vários fatores:
“A Justiça Eleitoral sempre realiza campanhas de conscientização e incentivo ao eleitorado como um todo, em especial aos jovens, por meio da mídia e nas escolas. Neste ano, pela primeira vez, a campanha contou com a adesão espontânea de artistas e influenciadores, que dialogam diretamente com esse eleitorado, o que ajudou a impulsionar esses números”, aponta o especialista.
Jovens de 15 a 17 anos ainda podem tirar seu Título de Eleitor (Foto: TRE-SP)
Jovens de 15 a 17 anos ainda podem tirar seu Título de Eleitor para votar nas eleições presidenciais deste ano até o dia 04 de maio. Se você vai completar 16 anos até o dia 02 de outubro (data do primeiro turno das eleições), você também se torna apto para se registrar. Para saber tudo o que é necessário para tirar o Título de Eleitor, leia nosso post com todas as informações necessárias para emitir esse documento.
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