O enfrentamento do racismo é uma luta de todos, e, no dia 20 de Novembro, o Brasil comemora o Dia da Consciência Negra. Longe de ser uma comemoração, a data é um lembrete da herança racial do país e uma reflexão sobre a resistência contra a escravidão e a inserção da população negra no Brasil.
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A data se origina da morte do líder quilombola Zumbi de Palmares, que durante mais de vinte anos, lutou contra a escravidão e defendeu a liberdade de centenas de escravos em seus quilombos. Sua morte ocorreu no dia 20 de novembro de 1695, quando Zumbi foi assassinado por um bandeirante por conta de seu trabalho e resistência. No entanto, foi apenas nos anos 70 que a data foi oficializada: o movimento Grupo Palmares escolheu a data como representante da resistência negra no país.
Segundo a classificação do IBGE, os negros (pretos e pardos) representam 53,6% da população brasileira. Por mais que essa parcela da população seja a maioria no Brasil e a sociedade esteja mais aberta a debates sobre raça e preconceito, a desigualdade racial ainda é um problema constante em nosso país.
A desigualdade racial é resultante do longo processo sócio histórico do Brasil. Esse termo representa a diferença de chances, oportunidades e condições entre pessoas de diferentes raças. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2019 revelam que o acesso à saúde, educação, moradia e cultura por uma pessoa branca é consideravelmente maior se comparado a uma pessoa negra.
O racismo estrutural é claramente demonstrado por dados: os cargos de liderança no país são sub representados por pessoas negras. Por mais que sejam metade da população, apenas 29,9% dos cargos gerenciais são ocupados por pretos ou pardos. Em contraste, 68,6% são ocupados por brancos. Na política, o problema é o mesmo: apenas 24,4% dos deputados federais são pretos ou pardos.
Os cargos menos remunerados, contudo, são os que mais empregam a população negra do Brasil. De acordo com a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais, os setores que mais empregam pessoas negras no país são a agropecuária (60,8%), construção civil (63 %) e serviços domésticos (65,9%).
O desemprego também é maior nessa parcela da população: o valor chega a 17,8% entre negros e 15,4% entre pardos. O salário também muda: enquanto o de uma pessoa branca com ensino superior chegava a R$ 31,9 por hora em 2017, uma pessoa negra chegava a receber apenas R$ 22,30.
Existe ainda uma discussão mais profunda sobre a consciência negra: as mulheres negras do país são ainda menos representadas em cargos de liderança e posições políticas. Além da questão racial, o gênero também entra em conta. Sem políticas públicas dedicadas exclusivamente para essas mulheres, a desigualdade racial as afeta ainda mais.
Uma das jovens que lutam contra esse estigma é a estudante de jornalismo e bolsista do projeto Educando para Diversidade, Mariana Fabiano. Negra, mulher e estudante universitária, a futura jornalista declara que o reconhecimento da própria negritude foi um processo: ‘’Quando você é negro todos sabem disso, mas você mesmo pode não ter percebido. E é engraçado porque algumas regras a gente cresce sabendo, mas demora pra entender que elas vem do racismo’, afirma a jovem.
Por mais que a situação seja um grande problema no país, podemos fazer parte da mudança desse cenário, e não é necessário ser uma pessoa negra para lutar contra a desigualdade racial. A escolha de políticos que apoiam os movimentos, a luta contra o racismo estrutural e o apoio a organizações não-governamentais são opções para combater o racismo.
A política é essencial para essa mudança. Sancionada em 2012, a Lei de Cotas é um exemplo da luta contra o fim dessa desigualdade. Essa lei prevê que 50% das vagas das universidades e institutos federais sejam direcionados para pessoas de escolas públicas, e, nesse valor, uma porcentagem é direcionada para pessoas pretas, pardas e indígenas.
Desde então, essas ações afirmativas conseguiram colocar milhões de jovens no ensino superior, e a população negra agora é maioria nesse setor. Por mais que as mudanças sejam positivas, Mariana acredita que ainda existe muito trabalho a ser feito: ‘’Temos que fazer muito, muito mais. Dentro e fora da universidade’’.
Os movimentos negros também estão ganhando mais força na sociedade. Um exemplo é o crescimento dos coletivos negros dentro das universidades e o aumento da presença política de mulheres negras na Câmara. Ao detalhar a importância dos coletivos, Mariana acredita que eles ajudam os jovens no próprio pertencimento: ‘’Nós acabamos pensando que talvez aquele seja sim nosso lugar, afinal de contas. E temos pessoas para compartilhar vivências que mais ninguém entenderia’’.
O GAMT faz parte dessa mudança. Ao trabalhar com a inserção de jovens no mercado de trabalho, lutamos contra as desigualdades sociais e ensinamos esses jovens a ocupar espaços na sociedade. Se você tem interesse em se tornar um jovem aprendiz, não perca tempo e se inscreva pelo link www.gamt.org.br/aprendiz. Se você deseja contratar esses jovens para sua empresa, basta entrar em nosso site: https://www.gamt.org.br/quero-contratar. para entender melhor sobre nosso trabalho.